Cenário global, segundo o banco, aponta para capacidade nacional em áreas como sustentabilidade, agricultura e ainda cita distância de conflitos geopolíticos
“A Hora do Brasil Finalmente Chegou?” Essa é a pergunta que dá nome ao novo relatório do BTG Pactual e que aponta o Brasil como um dos destaques entre os pares internacionais dentro do novo contexto global.
Cenário global
Logo no início do documento sobre o atual cenário global, divulgado na última quarta-feira (28), o banco BTG classifica o país como uma “democracia consolidada, geopoliticamente distante dos principais conflitos e que mantém a neutralidade em um mundo cada vez mais polarizado”.
Além disso, outro destaque em que o BTG enxerga potencial brasileiro se dá com relação à agenda de sustentabilidade. O documento cita a matriz energética nacional sendo uma das mais limpas do mundo, onde 80% da geração ocorre por meio de usinas hidrelétrica, eólica e solar.
“E está [o Brasil] em uma posição única para continuar impulsionando o desenvolvimento e a adoção de energias renováveis, incluindo eólica e solar (30% da energia do país) também como biocombustíveis (21% dos combustíveis de transporte), todos produzidos a custos supercompetitivos”, avalia o relatório.
Por sua vez, o agronegócio, que representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, também entra na análise.
“O Brasil também é um importante player de alimentos e, facilmente, o maior exportador líquido de alimentos do mundo”, diz o documento.
Exportações de alimentos
Em 2022, as suas exportações líquidas de alimentos foram de US$ 123 mil milhões, quase 3 vezes mais do que a Argentina, segundo país da lista. Sendo assim, à medida que cresce a demanda pela produção global de alimentos, o Brasil está muito bem posicionado para atender a essas necessidades da economia.
Além de exportador de alimentos, o BTG aponta para os combustíveis, uma vez que o Brasil é o sétimo maior exportador de petróleo do mundo.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil deve registrar o segundo maior crescimento na produção de petróleo entre 2022 e 2029, tornando-se o 5º maior produtor até 2030.
Hora de comprar
O cenário positivo também é observado pelo banco nos negócios.
No relatório, o BTG observa que as ações brasileiras negociam a um múltiplo preço/lucro projetado de 10 vezes, desconsiderando Vale e Petrobras.
Quando ambas são incluídas, é observado um múltiplo preço/lucro projetado de oito vezes, enquanto o prêmio para ter ações está em 4,3%, um desvio-padrão acima da média histórica. Sendo assim, nesse contexto, a bolsa segue barata aos investidores.
Além disso, o Brasil se destaca também ao comparar as avaliações e os retornos das ações locais com outros mercados internacionais.
“O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) consolidado de 18,8% das ações brasileiras é bom e comparável a outros mercados emergentes e globais”, cita o BTG.
O documento recorda ainda que o ROE no Brasil é inferior a países como Índia (19,3%) e EUA (24,8%) — e os valuations ainda mais baixos.
“Ações brasileiras estão sendo negociados a 8 vezes preço/lucro, em comparação com 21,4 vezes preço/lucro para a Índia e 19,6 vezes para os Estados Unidos”.
Por fim, ao não considerar as gigantes Vale e Petrobras, o ROE se encontra em 14,3%. Na avaliação do BTG, ao desconsiderar os dois grandes nomes do mercado nacional, as ações do Brasil “não são tão atrativas quando observamos dados consolidados, mas ainda são razoavelmente interessantes”.
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