Abacate vira sinônimo de caixa sustentável a hedge funds

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Cada vez mais os hedge funds (fundos de edge, em tradução livre) está tomando medidas mais concretas a cerca da sustentabilidade. Isso engloba plantar abacateiros e até vender ativos de carvão.

A mudança rápida de opinião acontece em pouco mais de um ano, quando 4 em cada 10 hedge funds consideravam que fatores ambientais, sociais e de governança (ESG em inglês), estavam conquistando importância no mercado financeiro.

Hedge Funds

No entanto, rivais que incorporaram questões ESG agora registram entradas recordes, ao passo que investidores influentes ameaçam demitir gestores que não conseguem diminuir seus impactos climáticos. A partir daí, hedge funds enfrentam apossibilidade de perder seus próprios clientes em setor que calcula uma rápida saída de recursos em meio a uma série de promessas de fundos verdes de companhias, como Algebris Investments e TCI Fund Management.

Do ponto de vista de Adam Jones, sócio da consultoria de investimentos Albert E. Sharp:

“Independentemente se alguém vê isso como jogada de marketing ou como um esforço mais genuíno para mitigar seu impacto ambiental, o resultado é inquestionavelmente positivo.”

E também ressalta que é “algo que nosso processo de investimento procura identificar em um gestor de fundos”.

Clima aliado a fundos de investimentos pode causar sarcasmo

Numa mesma frase unir o clima ao hedge funds pode causar certo sarcasmo, em um setor conhecido por seus ideais de lucratividade sem compromissos ambientais. Porém, com US$ 3 trilhões em ativos, e capacidade de realizar apostas contra ações e exigir alterações nas carteiras de investimentos, tais fundos possuem grande poder para estimular poluidores ou apoiar companhias verdes.

Chris Hohn é o atual líder do grupo e quando o chefe do TCI promoveu seu encontro anual com investidores no início de 2019, em Nova York, foi dada uma pista da futura estratégia da empresa (temida por muitos) por meio da oferta de um menu, em que foi servido um banquete com comidas veganas e nem um pedaço de carne.

Com isso, talvez a mensagem de Hohn foi pressionar companhias de seu portfólio a reduzirem emissões ou arcarem com as consequências. Com US$ 30 bilhões em ativos sob gestão, ele também solicitou a demissão de gestores que não se enquadravam por não pressionarem companhias a diminuírem a emissão de carbono. Hohn chegou a doar 200 mil libras (US$ 260,4 mil) ao movimento climático radical Extinction Rebellion.

Hedge funds seguindo o caminho verde

Apesar de alguns colegas de Hohn não terem adotado ainda uma linha tão radical, alguns deles seguem na mesma direção. É o caso da londrina Algebris, de Davide Serra, detentora de US$ 12,5 bilhões em ativos, que está plantando 25 mil pés de eucalipto, abacate, laranja, mamãe e manga, em vilarejos da Tanzânia, na intenção de reduzir o impacto de sua pegada de carbono, além de se unir a programas similares do Fórum Econômico Mundial e a influenciadores do YouTube. Serra declarou que “investir é nossa missão e ESG é nossa alma” aos clientes, enquanto divulgava os planos de combate às mudanças climáticas em fevereiro.

Nesta linha, a Lyxor Asset Management, sediada em Paris, que gere aproximadamente 170 bilhões de euros (US$ 188 bilhões) em investimentos e oferece estratégias de hedge funds, está saindo de companhias muito expostas ao carvão térmico. Até o momento, ela vendeu ativos em torno de 350 milhões de euros.

Já a AQR Capital Managemente, de Cliff Asness, administra US$ 10 bilhões em carteiras de baixo carbono, enquanto mais de 80% de seus US$ 186 bilhões em ativos utilizam sinais de trading relacionados ao ESG.

Man Group

No caso da maior empresa de hedge fund de capital aberto do mundo, a Man Group, adota uma política de utilizar energia renovável em seus prédios sempre que possível. Quase 75% de seus colaboradores atuam nesses escritórios. A companhia de investimento quantitativo do bilionário David Harding, a Winton, está dando apoio a empresas em estágio inicial, que desenvolvem tecnologias renováveis de ponta, como energia solar e fusão nuclear.

Em contrapartida, alguns dos maiores hedge funds do planeta, como a Marshall Wace, Millennium Management e a Renaissance Technologies, não quiseram falar sobre o assunto, quando questionados sobre quais são suas iniciativas ESG. Já o maior deles, a Bridgewater Associates nem ao menos respondeu às solicitações de comentários.

Fonte: Revista EXAME

*Foto: Divulgação

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